sexta-feira, 21 de maio de 2010

Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?



João 21,15-19.

Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.» Voltou a perguntar-lhe uma segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas.» E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: 'Tu és deveras meu amigo?' Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo atavas o cinto e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levar para onde não queres.» E disse isto para indicar o género de morte com que ele havia de dar glória a Deus. Depois destas palavras, acrescentou: «Segue-me!»




Comentário ao Evangelho do dia feito por Bem-aventurado João XXIII (1881-1963), papa Diário da Alma (Lisboa, Paulus Ed., p. 363)

«Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes? [...] Amas-Me? [...] Amas-Me?»


O sucessor de Pedro sabe que, na sua pessoa e na sua actividade, é a graça e a lei do amor que sustenta, vivifica e embeleza tudo; e, diante do mundo inteiro, a Igreja Santa apoia-se no intercâmbio de amor entre Jesus e ele, Simão Pedro, filho de João, como sobre um alicerce visível e invisível: Jesus invisível aos olhos da carne, o Papa, Vigário de Cristo, visível ao mundo inteiro. Meditando neste mistério de amor íntimo entre Jesus e o Seu Vigário, que honra e que felicidade para mim, mas ao mesmo tempo que motivo de confusão pela pequenez, pelo nada que sou. A minha vida deve ser toda de amor a Jesus e, simultaneamente, uma completa efusão de bondade e de sacrifício por cada alma e por todo o mundo. É rapidíssima a passagem do episódio evangélico que proclama o amor do Papa a Jesus e, através Dele, às almas, à lei do sacrifício. O próprio Jesus anuncia-o assim a Pedro: «Eu te garanto: quando eras mais novo, punhas o cinto e ias para onde querias. Quando fores mais velho, estenderás as mãos e outro te apertará o cinto e te levará para onde não queres ir» (Jo 21, 18).Pela graça do Senhor, ainda não entrei nesta velhice mas, com os meus oitenta anos feitos, encontro-me à porta. Portanto, devo estar preparado para este último trajecto da minha vida, em que me esperam limitações e sacrifícios, até ao sacrifício da vida corporal e ao abrir da vida eterna. Jesus, estou disposto a estender as minhas mãos, já trémulas e fracas, a deixar que outro me ajude a vestir-me e me ajude na caminhada.Senhor, a Pedro acrescentaste: «e te levará para onde não queres ir». Depois de tantas graças, multiplicadas durante a minha longa vida, não há nada que não queira. Jesus, Tu revelaste-me o caminho: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores» (Mt 8, 19).

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Cristãos e budistas: por uma relação correta entre seres humanos e natureza

Mensagem vaticana para a festa budista de Vesakh

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 19 de maio de 2010 (ZENIT.org). A promoção de uma "relação correta entre os seres humanos e o meio ambiente" é a proposta que o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso faz aos seguidores de Buda na mensagem que lhes enviou na ocasião da festa de Vesakh.
Nesta festa, a mais importante para os budistas, são comemorados os principais eventos da vida de Buda.

Este ano, ela acontecerá em 21 de maio na Coreia e em Taiwan e em 28 de maio na Tailândia, Sri Lanka, Camboja, Birmânia, Malásia, Laos, Nepal e Vietnã. No Japão foi comemorada no último dia 8 de março.

O dicastério vaticano deseja que a mensagem, sobre o tema "os budistas honram a vida humana com base no respeito por todos os seres humanos", "possa contribuir para reforçar os vínculos de amizade e colaboração já existentes entre nós a serviço da humanidade".

Ao mesmo tempo em que dirige aos budistas suas "congratulações e cordiais votos de paz e de alegria", aproveita a ocasião da festa de Vesakh para "refletirmos juntos sobre um tema de particular importância hoje, isto é, a crise ambiental que já suscitou notáveis problemas e sofrimentos no mundo inteiro".

"Os esforços das nossas duas comunidades em vista do empenho no diálogo inter-religioso contribuíram para criar uma nova consciência da importância social e espiritual das nossas respectivas tradições religiosas neste campo", explica o texto.

"Reconhecemos que temos o mesmo modo de considerar valores como o respeito pela natureza de todas as coisas, a contemplação, a humildade, a simplicidade, a compaixão e a generosidade."

Estes valores, complementa a mensagem, "contribuem para uma vida de não-violência, equilíbrio e sobriedade".

Para a Igreja Católica, prossegue o texto, assinado pelo cardeal Jean-Louis Tauran e Dom Pierluigi Celata, presidente e secretário deste dicastério, respectivamente, "a tutela do ambiente está intimamente ligada ao tema do desenvolvimento integral da pessoa humana e, da parte sua, não se compromete apenas na defesa do destino universal dos dons da terra, da água e da atmosfera, mas encoraja o homem a unir os esforços para proteger a humanidade da autodestruição".

"A nossa responsabilidade na proteção da natureza deriva, de fato, do nosso respeito recíproco e tem origem na lei escrita nos corações de cada homem e mulher. A consequência é que, quando na sociedade se respeita a ecologia humana, o ambiente também é beneficiado."

Cristãos e budistas, sublinha a mensagem, "nutrem um profundo respeito pela vida humana".

Por isso, é necessário "encorajar os esforços que almejam criar um sentido de responsabilidade ecológica e reafirmar, ao mesmo tempo, as nossas mesmas convicções sobre a inviolabilidade da vida humana em cada fase e condição, a dignidade da pessoa e a missão única da família, na qual se aprende a amar o próximo e a respeitar a natureza".

"Promovamos juntos uma correta relação entre os seres humanos e o ambiente", exorta o texto.

"Aumentando os nossos esforços para a criação de uma consciência ecológica a fim de termos uma coexistência serena e pacífica, podemos testemunhar um estilo de vida respeitoso, que não encontra o seu sentido em ter mais, mas em ser mais."

"Partilhando as perspectivas e os compromissos das nossas respectivas tradições religiosas, podemos contribuir para o bem-estar do nosso mundo", conclui.