sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A cegueira dos homens

Mateus 9,27-31
Ao sair dali, seguiram-no dois cegos, gritando: «Filho de David, tem misericórdia de nós!» Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se dele, e Jesus disse-lhes: «Credes que tenho poder para fazer isso?» Responderam-lhe: «Cremos, Senhor!» Então, tocou-lhes nos olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé.» E os olhos abriram-se-lhes. Jesus advertiu-os em tom severo: «Vede lá, que ninguém o saiba.» Mas eles, saindo, divulgaram a sua fama por toda aquela terra.


Comentário ao Evangelho do dia feito por Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge grego, santo das Igrejas Ortodoxas Hino 53 (a partir da trad. SC 196, pp. 221ss. rev.)


A cegueira dos homens


[Diz Cristo:]
Quando criei Adão, permiti-lhe que Me visse e por isso que ficasse colocado na dignidade dos anjos. [...] Ele via tudo o que Eu havia criado com os seus olhos corpóreos, mas com os da inteligência via o Meu rosto, o rosto do seu Criador. Contemplava a Minha glória e conversava Comigo o tempo todo. Mas quando, transgredindo as Minhas ordens, provou da árvore, ficou cego e caiu na obscuridade da morte. [...]


Mas Eu tive piedade dele e vim lá do alto. Eu, o absolutamente invisível, partilhei a opacidade da carne. Recebendo da carne um começo, tornado homem, fui visto por todos. Por que aceitei fazer isso? Porque esta era a verdadeira razão para ter criado Adão: para Me ver. Quando ele ficou cego e, na sequência dele, todos os seus descendentes, não suportei permanecer na glória divina e abandonar [...] aqueles que criara com as Minhas mãos; mas tornei-Me semelhante em tudo aos homens, corporal com os corporais, e uni-Me a eles voluntariamente. Por aqui podes ver o Meu desejo de ser visto pelos homens. [...] Como podes então dizer que Me escondo de ti, que não Me deixo ver? Na verdade, Eu brilho, mas tu não olhas para Mim.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Construir uma casa


Mateus 7,21.24-27
«Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. «Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Porém, todo aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.»


Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (África do Norte) e Doutor da Igreja Os discursos sobre os salmos, Sl 95, § 4


[O salmista diz:] «O Senhor é grande e muito digno de louvor» (95, 4). Quem é este Senhor senão Jesus Cristo, grande e digno de louvor? Vós sabeis, com certeza, que Ele apareceu como homem; sabeis que foi concebido no seio de uma mulher, que nasceu desse seio, que foi amamentado, levado nos braços, circuncidado, que foi feita uma oferenda por Ele (Lc 2, 24), e que cresceu. Sabeis também que foi coberto de escarros, coroado de espinhos, e crucificado, e que morreu, trespassado pela lança. Vós sabeis que Ele sofreu tudo isso: sim, «Ele é grande e digno de louvor». Acautelai-vos de desprezar a Sua pequenez; compreendei a Sua grandeza. Ele fez-Se pequeno porque vós éreis pequenos: compreendei quão grande Ele é, e sereis grandes com Ele. É assim que se constrói uma casa, assim que se elevam grandes muros numa habitação. As pedras que se trazem para construir este edifício estão aumentando: crescei vós próprios, compreendei como Cristo é grande, como aquele que parece ser pequeno é grande, muito grande. [...]


Que pode dizer a pobre língua humana para louvar quem é tão grande? Dizendo
«muito» grande, ela esforça-se por exprimir o que sente e crê [...], mas é como se dissesse: «O que eu não posso exprimir, tenta tu apreendê-lo pelo pensamento; e contudo sabe que o que tiveres apreendido é muito pouco.» Como poderia ser traduzido por qualquer língua o que ultrapassa todo o pensamento? «Grande é o Senhor e muito digno de louvor!» Que Ele seja portanto louvado, que seja pregado, que a Sua glória seja anunciada, e que a Sua casa seja construída.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

«A Tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no Teu reino»



Mateus 15,29-37
Partindo dali, Jesus foi para junto do mar da Galileia. Subiu ao monte e sentou-se. Vieram ter com Ele numerosas multidões, transportando coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros, que lançavam a seus pés. Ele curou-os, de modo que as multidões ficaram maravilhadas ao ver os mudos a falar, os aleijados escorreitos, os coxos a andar e os cegos com vista. E davam glória ao Deus de Israel. Jesus, chamando os discípulos, disse-lhes: «Tenho compaixão desta gente, porque há já três dias que está comigo e não tem que comer. Não quero despedi-los em jejum, pois receio que desfaleçam pelo caminho.»
Os discípulos disseram-lhe: «Onde iremos buscar, num deserto, pães suficientes para saciar tão grande multidão?» Jesus perguntou-lhes: «Quantos pães tendes?» Responderam: «Sete, e alguns peixinhos.» Ordenou à multidão que se sentasse. Tomou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e dava-os aos discípulos, e estes, à multidão. Todos comeram e ficaram sacia-dos; e, com os bocados que sobejaram, encheram sete cestos.


Comentário ao Evangelho do dia feito por Didaqué (entre 60-120), catequese judaico-cristã §§ 9-10



«A Tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no Teu reino»



Celebrem a eucaristia deste modo. Digam primeiro sobre o cálice: «Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do Teu servo David, que nos revelaste por meio do Teu servo Jesus. A Ti a glória para sempre.» Depois, digam sobre o pão partido: «Nós Te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste por meio do Teu servo Jesus. A Ti a glória para sempre. Assim como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um, assim também a Tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no Teu reino, porque Tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre.» Ninguém coma nem beba da eucaristia se não tiver sido baptizado em nome do Senhor. [...]


Depois de saciados, agradeçam deste modo: «Nós Te agradecemos, Pai santo, por Teu santo nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste por meio do Teu servo Jesus. A Ti a glória para sempre. Tu, Senhor todo-poderoso, criaste todas as coisas por causa do Teu nome, e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que Te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida espirituais, e uma vida eterna por meio do Teu servo Jesus.»


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Papa Bento XVI expressa solidariedade à Igreja no Rio

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Na manhã deste domingo, 28 de novembro, o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta recebeu um fax do Núncio Apostólico, Dom Lourenzo Baldisseri, transmitindo a solidariedade do Papa Bento XVI à Igreja no Rio de Janeiro, conforme as palavras do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcísio Bertone. Segue o texto:
" Excelência Reverendíssima

Cumpro o dever de transmitir a Vossa Excelência, o telegrama de Sua Eminência o Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado:

"Exmo Revmo Dom Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro,

O Santo Padre segue com profunda mágoa os graves enfrentamentos e as violências destes dias no Rio de Janeiro, particularmente na comunidade "Vila Cruzeiro". O Sumo Pontífice assegura a sua oração pelos mortos, como também pelas suas famílias, e pede aos responsáveis que ponham fim às desordens, enquanto os encoraja restabelecerem o respeito da Lei e do Bem Comum.

Cardeal Tarcísio Bertone
Secretário de Estado de Sua Santidade"

Uno às palavras do Emmo Cardeal minha fervente oração a Deus Todo-poderoso e rico em misericórdia, nesta circunstância tão dolorosa na sua Arquidiocese. Aproveito do ensejo para expressar meus sentimentos de alta estima,

Dom Lourenzo Baldisseri
Núncio Apostólico"

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão [...] no Reino do Céu

Mateus 8,5-11
Entrando em Cafarnaúm, aproximou-se dele um centurião, suplicando nestes termos: «Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.» Disse-lhe Jesus: «Eu irei curá-lo.» Respondeu-lhe o centurião: «Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. Porque eu, que não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: 'Vai’, e ele vai; a outro: 'Vem’, e ele vem; e ao meu servo: 'Faz isto’, e ele faz.» Jesus, ao ouvi-lo, admirou-se e disse aos que o seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé! Digo-vos que, do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão, Isaac e Jacob, no Reino do Céu,



Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Ireneu de Lion ( c. 130- c. 208), bispo, teólogo e mártir Demonstração da pregação apostólica (a partir da trad. Bouchet, Lectionnaire, p. 296 rev.;cf SC 62, p. 157)



Do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão [...] no Reino do Céu.

Dias virão, oráculo do Senhor, em que firmarei nova aliança com as casas
de Israel e de Judá. [...] Imprimirei a Minha Lei, gravá-la-ei no seu coração» (Jer 31, 31ss.). Isaías anuncia que estas promessas devem ser uma herança de apelo aos pagãos; também para eles se abriu o livro da nova aliança: «Oráculo do Senhor Deus de Israel. Naquele dia, o homem voltará os seus olhos para o Criador, seus olhos contemplarão o Santo de Israel, não olhará mais para os altares obras das suas mãos» (Is 17, 7-8). É evidente que estas palavras são dirigidas àqueles que abandonam os ídolos e crêem em Deus nosso Criador, graças ao Santo de Israel; ora, o Santo de Israel é Cristo. [...]

No livro de Isaías, é o próprio Verbo que diz que tem de Se manifestar entre nós – com efeito, o Filho de Deus fez-Se homem – e de Se deixar encontrar por nós, que anteriormente O não conhecíamos: «Eu estava à disposição dos que não Me consultavam, saía ao encontro dos que não Me buscavam. Dizia: «Eis-Me aqui, eis-Me aqui» a um povo que não invocava o Meu nome» (Is 65, 1). E Oseias anunciou que este povo de que fala Isaías tem de ser um povo santo: «Usarei de misericórdia para com o não amado e direi ao que não é o Meu povo: «Tu és o Meu povo» e ele Me responderá: «Tu és o meu Deus»» (Os 2, 25). É também este o sentido das palavras de São João Baptista: «Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão» (Mt 3, 9). Com efeito, depois de terem sido arrancados, pela fé, ao culto das pedras, os nossos corações vêem a Deus e tornamo-nos filhos de Abraão, que foi justificado pela fé.