sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Acompanhavam-No os Doze e algumas mulheres


Lucas 8,1-3
Em seguida, Jesus ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus. Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios; Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que os serviam com os seus bens.


Comentário ao Evangelho do dia feito por João Paulo II, Papa entre 1978 e 2005 Mulieris dignitatem, § 27

«Acompanhavam-No os Doze e algumas mulheres»

Na história da Igreja, desde os primeiros tempos, existiam — ao lado dos homens — numerosas mulheres, para as quais a resposta da Esposa ao amor redentor do Esposo adquiria plena força expressiva. Como primeiras, vemos aquelas mulheres que pessoalmente tinham encontrado Cristo, tinham-No seguido e, depois da Sua partida, juntamente com os apóstolos, «eram assíduas na oração» no cenáculo de Jerusalém até ao dia do Pentecostes. Naquele dia, o Espírito Santo falou por meio de «filhos e filhas» do Povo de Deus [...] (cf. At 2, 17). Aquelas mulheres, e a seguir outras mais, tiveram parte activa e importante na vida da Igreja primitiva, na edificação desde os fundamentos da primeira comunidade cristã — e das comunidades que se seguiram —, mediante os próprios carismas e o seu multiforme serviço. [...] O apóstolo fala de suas «fadigas» por Cristo, e estas indicam os vários campos de serviço apostólico da Igreja, a começar pela «Igreja doméstica». Nesta, de facto, a «fé sincera» passa da mãe para os filhos e os netos, como realmente se verificou na casa de Timóteo (cf. 2 Tim 1, 5).O mesmo se repete no decorrer dos séculos, de geração em geração, como demonstra a história da Igreja. A Igreja, com efeito, defendendo a dignidade da mulher e a sua vocação, expressou honra e gratidão por aquelas que — fiéis ao Evangelho — em todo o tempo participaram na missão apostólica de todo o Povo de Deus. Trata-se de santas mártires, de virgens, de mães de família, que corajosamente deram testemunho da sua fé e, educando os próprios filhos no espírito do Evangelho, transmitiram a mesma fé e a tradição da Igreja. [...] Mesmo diante de graves discriminações sociais, as mulheres santas agiram de «modo livre», fortalecidas pela sua união com Cristo. [...]Também em nossos dias a Igreja não cessa de enriquecer-se com o testemunho das numerosas mulheres que realizam a sua vocação à santidade. As mulheres santas são uma personificação do ideal feminino, mas são também um modelo para todos os cristãos, um modelo de «sequela Christi», um exemplo de como a Esposa deve responder com amor ao amor do Esposo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Catequese do Papa: Clara de Assis, esposa de Cristo



Palavras do pontífice na audiência geral desta quarta-feira

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 15 de setembro de 2010 – Apresentamos a seguir a catequese que o Papa Bento XVI dirigiu nesta quarta-feira aos peregrinos reunidos na Sala Paulo VI, no Vaticano, para a audiência geral.

* * *

Caros irmãos e irmãs,

uma das santas mais amadas é, sem dúvida, Santa Clara de Assis, que viveu no século XIII, contemporânea de São Francisco. Seu testemunho mostra-nos o quanto a Igreja deve a mulheres corajosas e ricas na fé como ela, capazes de dar um impulso decisivo para a renovação da Igreja.

Quem foi então Clara de Assis? Para responder a esta pergunta, temos fontes seguras, não apenas as antigas biografias, como a de Tomás de Celano, mas também os autos do processo de canonização promovido Papa já pouco depois da morte de Clara e que contêm o testemunho dos que viveram ao seu lado por muito tempo.

Nascida em 1193, Clara pertencia a uma família aristocrática e rica. Renunciou à nobreza e à riqueza para viver pobre e humilde, adotando a forma de vida que Francisco de Assis propunha. Apesar de seus pais planejarem um casamento com algum personagem de relevo, Clara, aos 18 anos, com um gesto audaz, inspirado pelo profundo desejo de seguir a Cristo e pela admiração por Francisco, deixou a casa paterna e, em companhia de uma amiga sua, Bona di Guelfuccio, uniu-se secretamente aos frades menores junto da pequena igreja da Porciúncula. Era a tarde de Domingo de Ramos de 1211. Na comoção geral, realizou-se um gesto altamente simbólico: enquanto seus companheiros tinham nas mãos tochas acesas, Francisco cortou-lhe os cabelos e Clara vestiu o hábito penitencial. A partir daquele momento, tornava-se virgem esposa de Cristo, humilde e pobre, e a Ele totalmente se consagrava. Como Clara e suas companheiras, inumeráveis mulheres no curso da história ficaram fascinadas pelo amor de Cristo que, na beleza de sua Divina Pessoa, preencheu seus corações. E a Igreja toda, através da mística vocação nupcial das virgens consagradas, demonstra aquilo que será para sempre: a Esposa bela e pura de Cristo.

Em uma das quatro cartas que Clara enviou a Santa Inês de Praga, filha do rei da Bohemia, que queria seguir seus passos, ela fala de Cristo, seu amado esposo, com expressões nupciais, que podem surpreender, mas que comovem: "Amando-o, és casta, tocando-o, serás mais pura, deixando-se possuir por ele, és virgem. Seu poder é mais forte, sua generosidade, mais elevada, seu aspecto, mais belo, o amor mais suave e toda graça. Agora tu estás acolhida em seu abraço, que ornou teu peito com pedras preciosas... e te coroou com uma coroa de ouro gravada com o selo da santidade" (Lettera prima: FF, 2862).

Sobretudo no início de sua experiência religiosa, Clara teve em Francisco de Assis não só um mestre a quem seguir os ensinamentos, mas também um amigo fraterno. A amizade entre estes dois santos constitui um aspecto muito belo e importante. Efetivamente, quando duas almas puras e inflamadas do mesmo amor por Deus se encontram, há na amizade recíproca um forte estímulo para percorrer o caminho da perfeição. A amizade é um dos sentimentos humanos mais nobres e elevados que a Graça divina purifica e transfigura. Como São Francisco e Santa Clara, outros santos vivenciaram uma profunda amizade no caminho para a perfeição cristã, como São Francisco de Sales e Santa Giovanna de Chantal. O próprio São Francisco de Sales escreve: “é belo poder amar na terra como se ama no céu, e aprender a amar-nos neste mundo como faremos eternamente no outro. Não falo aqui de simples amor de caridade, porque este devemos tê-lo todos os homens; falo do amor espiritual, no âmbito do qual, duas, três, quatro ou mais pessoas compartilham devoção, afeto espiritual e tornam-se realmente um só espírito” (Introduzione alla vita devota III, 19).

Após ter transcorrido um período de alguns meses em outras comunidades monásticas, resistindo às pressões de seus familiares que no início não aprovavam sua escolha, Clara se estabeleceu com suas primeiras companheiras na igreja de São Damião, onde os frades menores tinham preparado um pequeno convento para elas. Nesse mosteiro, viveu durante mais de quarenta anos, até sua morte, ocorrida em 1253. Chegou-nos uma descrição de primeira mão de como estas mulheres viviam naqueles anos, nos inícios do movimento franciscano. Trata-se do informe cheio de admiração de um bispo flamengo em visita à Itália, Santiago de Vitry, que afirma ter encontrado um grande número de homens e mulheres, de toda classe social, que, “deixando tudo por Cristo, escapavam ao mundo. Chamavam-se frades menores e irmãs menores e são tidos em grande consideração pelo senhor Papa e pelos cardeais... As mulheres... moram juntas em diferentes abrigos não distantes das cidades. Não recebem nada; vivem do trabalho de suas mãos. E lhes dói e preocupa profundamente que sejam honradas mais do que gostariam, por clérigos e leigos” (Carta de outubro de 1216: FF, 2205.2207).

Santiago de Vitry tinha captado com perspicácia um traço característico da espiritualidade franciscana, a que Clara foi muito sensível: a radicalidade da pobreza associada à confiança total na Providência divina. Por este motivo, ela atuou com grande determinação, obtendo do Papa Gregório IX ou, provavelmente, já do Papa Inocêncio III, o chamado Privilegium Paupertatis (cfr FF, 3279). Em base a este, Clara e suas companheiras de São Damião não podiam possuir nenhuma propriedade material. Tratava-se de uma exceção verdadeiramente extraordinária em relação ao direito canônico vigente, e as autoridades eclesiásticas daquele tempo o concederam apreciando os frutos de santidade evangélica que reconheciam na forma de viver de Clara e de suas irmãs. Isso demonstra também que nos séculos medievais, o papel das mulheres não era secundário, mas considerável. A propósito disso, é oportuno recordar que Clara foi a primeira mulher da história da Igreja que compôs uma Regra escrita, submetida à aprovação do Papa, para que o carisma de Francisco de Assis se conservasse em todas as comunidades femininas que iam se estabelecendo em grande número já em seus tempos, e que desejavam se inspirar no exemplo de Francisco e Clara.

No convento de São Damião, Clara praticou de modo heróico as virtudes que deveriam distinguir cada cristão: a humildade, o espírito de piedade e de penitência, a caridade. Ainda sendo a superiora, ela queria servir em primeira pessoa as irmãs enfermas, submetendo-se também a tarefas muito humildes: a caridade, de fato, supera toda resistência e quem ama realiza todo sacrifício com alegria. Sua fé na presença real da Eucaristia era tão grande que em duas ocasiões se comprovou um fato prodigioso. Só com a ostensão do Santíssimo Sacramento, afastou os soldados mercenários sarracenos, que estavam a ponto de agredir o convento de São Damião e de devastar a cidade de Assis.

Também esse episódio, como outros milagres, dos quais se conservava memorial, levaram o Papa Alexandre IV a canonizá-la só dois anos depois de sua morte, em 1255, traçando um elogio a ela na Bula de canonização, onde lemos: “Quão vívida é a força desta luz e quão forte é a claridade desta fonte luminosa. Na verdade, esta luz estava fechada no esconderijo da vida de clausura, e fora irradiava esplendores luminosos; recolhia-se em um pequeno monastério, e fora se expandia por todo vasto mundo. Guardava-se dentro e se difundia fora. Clara, de fato, se escondia; mas sua vida se revelava a todos. Clara calava, mas sua fama gritava” (FF, 3284). E é precisamente assim, queridos amigos: são os santos que mudam o mundo para melhor, transformam-no de forma duradoura, injetando-lhe as energias que só o amor inspirado pelo Evangelho pode suscitar. Os santos são os grandes benfeitores da humanidade!

A espiritualidade de Santa Clara, a síntese de sua proposta de santidade está recolhida na quarta carta a Santa Inês de Praga. Santa Clara utiliza uma imagem muito difundida na Idade Média, de ascendências patrísticas, o espelho. E convida sua amiga de Praga a se olhar no espelho da perfeição de toda virtude, que é o próprio Senhor. Escreve: “feliz certamente aquela a quem se lhe concede gozar desta sagrada união, para aderir com o profundo do coração [a Cristo], àquele cuja beleza admiram incessantemente todas as beatas multidões dos céus, cujo afeto apaixona, cuja contemplação restaura, cuja benignidade sacia, cuja suavidade preenche, cuja recordação resplandece suavemente, a cujo perfume os mortos voltarão à vida e cuja visão gloriosa fará bem-aventurados todos os cidadãos da Jerusalém celeste. E dado que ele é esplendor da glória, candura da luz eterna e espelho sem mancha, olhe cada dia para este espelho, ó rainha esposa de Jesus Cristo, e perscruta nele continuamente teu rosto, para que possas te adornar assim toda por dentro e por fora... neste espelho resplandecem a bem-aventurada pobreza, a santa humildade e a inefável caridade” (Quarta carta: FF, 2901-2903).

Agradecidos a Deus que nos dá os santos, que falam ao nosso coração e nos oferecem um exemplo de vida cristã a imitar, gostaria de concluir com as mesmas palavras de benção que Santa Clara compôs para suas irmãs e que ainda hoje as Clarissas, que desempenham um precioso papel na Igreja com sua oração e com sua obra, custodiam com grande devoção. São expressões das que surge toda a ternura de sua maternidade espiritual: “Bendigo-vos em minha vida e depois de minha morte, como posso e mais de quanto posso, com todas as bênçãos com as que o Pai de misericóridas abençoa e abençoará no céu e na terra seus filhos e filhas, e com as quais um pai e uma mãe espiritual abençoa e abençoará seus filhos e filhas espirituais. Amém” (FF, 2856).

[Traduzido por ZENIT. Ao final da audiência, o Papa saudou os peregrinos em diferentes idiomas. Estas foram suas palavras em português:]

Clara de Assis foi um verdadeiro clarão luminoso que brilhou na Idade Média, sendo uma das santas mais amadas pelo povo cristão. Seu profundo desejo de seguir Cristo e sua amizade fraterna e grande admiração por São Francisco de Assis a inspirou a deixar a vida aristocrática e rica da sua casa paterna para consagrar-se inteiramente a Cristo, pobre e humilde. Temos aqui um exemplo de como a amizade é um dos sentimentos humanos mais nobres e elevados, que a graça divina purifica e transfigura. Decidida a viver uma pobreza radical associada com uma confiança total na providência divina, conseguiu obter um privilégio papal para que, no seu convento de São Damião, ninguém possuísse qualquer propriedade material. Brilhou pela prática heróica da virtude da humildade, servindo a todas as irmãs com alegria, e pela sua grande fé na Eucaristia. Pela sua grande fama de santidade, foi canonizada somente dois anos após a sua morte.

* * *

A minha saudação a todos peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente para os grupos vindos do Brasil e para os fiéis da Torreira e da diocese da Guarda, em Portugal. Que a graça de Deus, pela intercessão de Santa Clara, fortaleça a vossa vida para mostrardes a todos a felicidade que é amar Jesus Cristo. De coração, dou-vos a minha Bênção, extensiva às vossas famílias e comunidades.

«São-lhe perdoados os seus muitos pecados»


Lucas 7,36-50
Um fariseu convidou-o para comer consigo. Entrou em casa do fariseu, e pôs-se à mesa. Ora certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume. Vendo isto, o fariseu que o convidara disse para consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!» Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala, Mestre» respondeu ele. «Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?» Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.» E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama.» Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.» Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?» E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.»


Comentário ao Evangelho do dia feito por Autor siríaco anónimo do século VI Homilias anónimas sobre a pecadora, 1, 4.5.19.26.28 (a partir da trad. F. Graffin, em L'Orient syrien, 7, 1962, in Delhougne, Les Pères commentent, pp. 410-411)

«São-lhe perdoados os seus muitos pecados»


O amor de Deus que sai à procura dos pecadores é-nos proclamado por uma mulher pecadora. Pois ao chamá-la, é toda a nossa raça que Cristo convida ao amor; e na sua pessoa são todos os pecadores que Ele atrai ao Seu perdão. Ele falava apenas com ela, mas convidava a criação inteira para a Sua graça. [...]


Quem não se sentirá tocado pela misericórdia de Cristo, que
para salvar uma pecadora aceitou o convite de um fariseu? Por causa daquela que tem fome de perdão, Ele quer ter fome da mesa de Simão, o fariseu, pois sob a aparência de uma mesa de pão tinha preparado para a pecadora uma mesa de arrependimento. [...]


Para que o mesmo se passe contigo, toma consciência de que o teu pecado é grande, mas de que desesperar do perdão porque o teu pecado te parece demasiado grande é blasfemar contra Deus e ferires-te a ti mesmo. Porque se Ele prometeu perdoar-te os teus pecados qualquer que seja o seu número, como podes dizer-Lhe que não acreditas n'Ele e declarar: «O meu pecado é demasiado grande para que possas perdoar-mo. Tu não podes curar-me das minhas doenças»? Pára e grita com o profeta: «Pequei contra Ti, Senhor» (Sl 50, 6). E Ele responder-te-á de imediato: «Eu já te perdoei o teu pecado; não morrerás». A Ele seja dada glória por todos nós, pelos séculos dos séculos. Ámen.


CNBB define debate com presidenciáveis


Evento acontece dia 23 e terá transmissão das TVs católicas
BRASÍLIA, quinta-feira, 16 de setembro de 2010 (ZENIT.org) – A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) definiu nessa terça-feira os detalhes finais do debate entre os candidatos à presidência da República, que acontecerá na UCB (Universidade Católica de Brasília), no próximo dia 23.

O debate é promovido pela Comissão Brasileira Justiça e Paz, Universidade Católica de Brasília, Associação Nacional de Educação Católica e Associação Brasileira de Universidades Comunitárias, com o apoio da CNBB.

Segundo informa a assessoria de imprensa da CNBB, participaram da reunião os representantes das candidaturas de Marina Silva (PV), José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Plínio Sampaio (PSol), candidatos à Presidência cujos partidos têm representação na Câmara dos Deputados.

De acordo com o secretário executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Daniel Seidel, o debate irá priorizar o tempo de exposição dos candidatos com uma pauta voltada para os problemas sociais que afetam diretamente a população brasileira.

“Os candidatos terão qualidade do tempo e de espaço para responder as questões, para que haja profundidade e compromisso com aquilo que eles têm condições para enfrentar os grandes problemas nacionais. A pauta terá como foco os mais empobrecidos da sociedade, ou seja, irá olhar para a sociedade que nós queremos com o voto, privilegiando aquilo que vai ser a construção de um Brasil novo”, disse.

Seidel enfatizou os objetivos do debate. “Nosso desejo é proporcionar aos católicos, aos cristãos e à sociedade em geral um debate que reflita sobre a situação do país e quais são as proposições que os candidatos apresentam para enfrentar esses grandes problemas, desde a questão do desenvolvimento urbano à moradia, reforma agrária, família e questões referentes ao desenvolvimento humano. Os temas ligados à defesa da vida estarão inseridos nesse debate também”, afirmou o secretário.

O debate acontecerá no próximo dia 23, das 21h30 às 23h30, e será dividido em quatro blocos e três intervalos. Cada candidato terá, em média, 3 minutos para responder às perguntas. Cada um poderá levar até 43 convidados. Cada uma das entidades organizadoras poderá convidar 50 pessoas. O público é estimado em 500 pessoas.

Além das TVs e rádios de inspiração católica, os sites da Universidade Católica de Brasília e das entidades promotoras transmitirão o debate ao vivo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Tanto amou Deus o mundo


João 3,13-17
Pois ninguém subiu ao Céu a não ser aquele que desceu do Céu, o Filho do Homem. Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.

Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo João Crisóstomo (c. 345-407), padre em Antioquia, depois Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja Homília sobre «Pai, se é possível» (a partir da trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 72)

«Tanto amou Deus o mundo»


Foi a cruz que reconciliou os homens com Deus, que fez da terra um céu, que uniu os homens aos anjos. Ela derrubou a cidadela da morte, destruiu o poder do demónio, libertou a terra do mal, estabeleceu os fundamentos da Igreja. A cruz é a vontade do Pai, a glória do Filho, o júbilo do Espírito Santo. [...]


A cruz é mais brilhante que o sol porque, quando o sol se turva, a cruz resplandece; e o sol turva-se, não no sentido de ser aniquilado, mas de ser vencido pelo esplendor da cruz. A cruz rasgou a acta da nossa condenação, quebrou as cadeias da morte. A cruz é a manifestação do amor de Deus: «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o Seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que Nele crê não se perca».


A cruz abriu o paraíso, deixou que nele entrasse o malfeitor (Lc 23,43) e conduziu ao Reino dos Céus a criatura humana, destinada à morte.

Quero ser freira

Três mulheres entre 17 e 35 anos falam sobre a decisão de dedicar sua vida à religião

Redação portal IG
Carina Martins, iG São Paulo


Foto: Bruno Zanardo/Fotoarena

Amanda Moita Vaz, 17, está decidida a se tornar uma freira


"Ai, gente, meus brincos, não sei como vou viver sem meus brincos!", brinca a estudante paulistana Amanda Moita Vaz, 17, a respeito das argolonas prateadas nas orelhas. Simpática, olho pintado, luzes no cabelo, ela explica que, se der tudo certo, nos próximos dias vai conseguir compensar a nota vermelha que tirou em Biologia e assim evitar ficar de dependência justo agora que está terminando o Ensino Médio. Nos próximos meses, seus amigos vão prestar vestibular. Ela também. "É bom ter uma garantia", diz. Mas qualquer que seja o resultado, a faculdade será uma segunda opção. Amanda quer ser freira. E vem se preparando para isso há mais tempo do que os colegas pensam em vestibular. Acompanhada por irmãs Apostolinas desde os 12 anos, ela é hoje uma "vocacionada", nome dado às pessoas que já se decidiram pelo caminho consagrado e se preparam para a longa jornada até que realmente possam fazer seus votos.

Pouca gente deve pensar que ser freira é uma atividade fácil. Mas muitos podem achar que é simples tornar-se uma. Não é. Depois de um tempo indeterminado de contato entre vocacionados e congregação, a mulher que busca a consagração deve fazer os mesmos votos das freiras - obediência, pobreza e castidade - e viver a vida monástica por um período que varia entre cinco e nove anos de estudo e experiência para só então repetir os mesmos votos, só que de forma definitiva. E aí sim, ser uma freira. Hoje, são pouco mais de 30 mil no Brasil, número descrescente desde uma alta dos anos 70.

É muito tempo de dedicação para que um dos estereótipos sobre o que leva mulheres a escolher esta carreira (sim, carreira) se sustente: haja desilusão amorosa para valer o equivalente a uma faculdade de medicina, sem expectativa de receber salário de médico. Lucivânia Conceição Oliveira, 28, está prestes a fazer os votos definitivos e levanta a bola: “muita gente acha que só quer ser freira quem se dá mal no amor. Ou é feia”, diz, sabendo que é uma morena de olhos verdes e sorriso fácil que dificilmente poderia ser enquadrada naquela categoria.

Sexo e romance são muito valorizados, então é natural imaginar que sua renúncia esteja no topo dos questionamentos e dificuldades para as meninas e mulheres católicas que decidem ter suas vidas consagradas e tornarem-se freiras. Certamente o celibato não é o aspecto mais atraente da vocação. Mas, pelo menos entre aquelas que se interessam pela vida religiosa, também não é apontado como maior problema. Amanda já teve dois namoros longos. Diz que hoje não se interessa pelo assunto e que espera que uma paixão não apareça para fazê-la ter que escolher entre o futuro religioso e o romance. Lucivânia diz que sempre quis ser freira, e que isso não impediu que tivesse vários namoricos no interior da Bahia, de onde veio, mas que fez com que nunca levasse a sério a possibilidade de se casar. Nem Lucivânia nem Amanda citam o romance entre suas maiores preocupação na hora de fazer os votos que pretendem. Desculpem, meninos.

Foto: Bruno Zanardo/Fotoarena

Amanda com a irmã Susana na casa das freiras


A irmã Susana Santa Catarina, 35, é a responsável pela área vocacional das irmãs Apostolinas, pequena congregação cuja missão é exatamente a de atrair católicos para a vida consagrada. Em sua experiência, as meninas que se interessam em conhecer melhor esta opção costumam se preocupar mais com outras renúncias. A maior parte delas vem de cidades pequenas do interior do país, e deixar a família é o maior empecilho que encontram. “Especialmente quando são filhas únicas, é muito difícil para elas a ideia de ficar longe da mãe e da família, explica Susana.

Se o voto de castidade não é a grande questão, sobram pobreza e obediência. Susana, na vida monástica há dez anos, Lucivânia, prestes a fazer os votos definitivos, e Amanda, que apenas acompanha a rotina das irmãs, podem estar em estágios diferentes da consagração. Mas são unânimes aos apontar a maior dificuldade da vida de freira. E, surpresa, é algo tão mundano quanto sexo: a convivência. As irmãs, mulheres de origem e idades diferentes, têm que viver juntas, partilhar uma rotina, dividir tarefas e ainda seguir uma hierarquia. Quase dez anos de Big Brother Brasil já deveria ter nos ensinado que abstinência não é nada perto dos desafios da convivência. “Dividir sua vida é parte do voto de pobreza”, ensina irmã Susana. E, no caso delas, é para sempre.

O caminho

Lucivânia nunca tinha visto uma freira de verdade, mas já sonhava em ser uma. Antes, trabalhava em casas de família. Ela tem uma irmã mais velha que faz parte da mesma congregação que ela, e desconfia e torce que outro irmão tem vocação para padre. Na cidade de Susana também não havia nenhuma irmã, mas vem de uma família extremamente religiosa. Envolveu-se com a comunidade da Igreja e acabou decidindo viver para isso. As duas dizem que seus pais falam com orgulho de sua opção.

Lucivânia e Susana têm origens e histórias parecidas. O caso da paulistana Amanda é um pouco diferente. Seu pai é umbandista e a mãe católica não-praticante. Ela começou a frequentar a igreja por conta própria aos sete anos, ao ouvir uma amiguinha contar histórias da catequese. “Meu pai ficou um ano sem falar comigo. Eu adorava ir, e logo quis participar como as crianças que ficavam no altar. O dia que me colocaram para carregar a cestinha, fiquei muito empolgada. Acabei virando coroinha”, conta. No ano passado, sua mãe foi conhecer a casa das freiras, programa preferido de Amanda nos finais de semana, o que custa muita reclamação dos amigos de escola. “Eles me chamam para sair, comer pizza. Eu vou, eu gosto. Mas gosto mais de ir à casa delas”, diz. A menina conta que a mãe não gosta da ideia, mas hoje apóia sua decisão.

As duas mais velhas escolheram a vida monástica por uma identificação com a igreja. Amanda também, mas a estudante diz que, acima de tudo, sua vontade é trabalhar com jovens. Hoje, exercita esse lado sendo amiga dos amigos. “Eles dizem que dou bons conselhos”, conta. A turma se divide entre os que apóiam sua escolha para o futuro e os que a acham “louca”.

Freira pode

Quando Amanda conheceu as freiras em um retiro, aos 12 anos, disse que nunca tinha visto uma irmã. “Achei que eram todas velhas chatas, e que iam atrapalhar a viagem”, conta. Surpreendeu-se com a idade e a disposição das que encontrou. Após a primeira noite, a menina diz ter acordado angustiada sem saber por quê. “Uma irmã conversou comigo e me ajudou muito”, diz. Foi o começo de uma amizade que moldou a escolha de Amanda. A freira que a ajudou acabou desistindo da vida consagrada. Ela, não.

“Vou sentir falta do meu pagodinho também, ai meu Deus”, conta Amanda, fã de Exaltasamba, Jeito Moleque e outros. “Se bem que eu já as vi ouvindo Alexandre Pires. Mas dançando, não”, ri. Entre as idéias mais erradas que já ouviram a respeito das freiras, as três apontam o excesso de restrições, como não poder ver televisão, não poder sair sozinha ou encarar castigos. Tudo lenda, elas garantem, pelo menos nesta congregação. Perguntando com jeitinho, elas contam rindo segredos da convivência – tem freira pintando o cabelo, tem irmã vaidosa demais. “Essas coisas do dia a dia de mulher nós também temos. E gula e vaidade são pecados capitais!”, ri. E não é porque o hábito é largo que a cintura pode acompanhar. “Se a gente percebe que uma irmã está se jogando demais nos doces, por exemplo, a gente comenta”, confessa Susana aos risos. Convivência.

As unhas vermelhas e o olho pintado de Amanda vão ter que ficar para trás se ela conseguir o que quer e for viver com as irmãs no ano que vem, quando completar 18 anos. “Não é que não pode, mas é inapropriado”, explica Susana sobre a maquiagem. A estudante lamenta, “adoro ser loira”, mas acha que vai levar numa boa. Só que os brincos... “Ai meus brincos, vou sentir falta”, diverte-se. Se tudo der errado, ela mantém os brincos e vira publicitária. Mas só se Deus quiser.

domingo, 12 de setembro de 2010

Segredo do cristão: misericórdia de Deus, afirma Bento XVI


Ao comentar o Evangelho de hoje, por ocasião do Ângelus
CASTEL GANDOLFO, domingo, 12 de setembro de 2010 - O segredo do cristão consiste não somente em reconhecer seu pecado, mas também em abrir-se à misericórdia de Deus, assegura Bento XVI.

Esta foi a mensagem que o Papa deixou aos peregrinos que lotavam o pátio da residência pontifícia de Castel Gandolfo, ao meio-dia de hoje, para rezar com ele a oração mariana do Ângelus e escutar suas palavras de comentário ao Evangelho de hoje, no qual Jesus apresenta as três "parábolas da misericórdia" de Deus.

Quando "fala, nas suas parábolas, do pastor que vai atrás da ovelha perdida, da mulher que procura a dracma, do pai que sai ao encontro do filho pródigo e o abraça, não se trata apenas de palavras, mas constituem a explicação do seu próprio ser e agir", reconheceu o Pontífice, citando um dos temas centrais do seu pontificado, o amor de Deus, exposto em sua encíclica Deus caritas est.

"De fato, o pastor que volta a encontrar é o próprio Senhor que carrega nos ombros, com a Cruz, a humanidade pecadora, para redimi-la", afirmou, recordando que o mesmo aconteceu com o filho pródigo.

"Queridos amigos, como não abrir nosso coração à certeza de que, ainda que sejamos pecadores, somos amados por Deus?", perguntou-se o Papa.

E respondeu: "Ele jamais se cansa de vir ao nosso encontro, de ser o primeiro em percorrer o caminho que nos separa dele".

As palavras do Papa foram um convite à confiança, recordando a oração de Moisés no Êxodo, quem, "com uma súplica confiante e audaz, conseguiu, por assim dizer, tirar Deus do trono do juízo e colocá-lo no trono da misericórdia".

"O arrependimento é a medida da fé e graças a isso se retorna à Verdade."

Por isso, concluiu, desvelando o segredo do cristão, "só a fé pode transformar o egoísmo em alegria e voltar restabelecer as relações adequadas com o próximo e com Deus".


(ZENIT.org)

Confiarei - linda música