terça-feira, 23 de março de 2010

Evangelho (João 8,21-30)


Naquele tempo disse Jesus aos fariseus: 21“Eu parto, e vós me procurareis, mas morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir”.
22Os judeus comentavam: “Por acaso, vai-se matar? Pois ele diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’?”
23Jesus continuou: “Vós sois daqui debaixo, eu sou do alto. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 24Disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditais que eu sou, morrereis nos vossos pecados”.
25Perguntaram-lhe pois: “Quem és tu, então?” Jesus respondeu: “O que vos digo, desde o começo. 26Tenho muitas coisas a dizer a vosso respeito, e a julgar, também. Mas aquele que me enviou é fidedigno, e o que ouvi da parte dele é o que falo para o mundo”.27Eles não compreenderam que lhes estava falando do Pai. 28Por isso, Jesus continuou: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou, e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou. 29Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que é de seu agrado”. 30Enquanto Jesus assim falava, muitos acreditaram nele.

Comentário ao Evangelho do dia feito por : São Bernardo ( São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e Doutor da Igreja Sermão 1 para o primeiro Domingo de Novembro (a partir da trad. de Ir. Isabelle de la Source, Lire la Bible, t. 6, p. 33))

«Quando tiverdes erguido ao alto o Filho do Homem, então ficareis a saber que Eu sou o que sou»

O profeta Isaías descreve-nos uma visão sublime: «Vi o Senhor sentado num trono alto e elevado» (Is 6, 1). Magnífico espetáculo, meus irmãos! Felizes os olhos que o viram! Quem não desejaria, com toda a alma, contemplar o espetáculo de tão grande glória? [...] Mas eis que ouço o mesmo profeta contar uma outra visão desse mesmo Senhor, e bem diferente: «Vimo-lo sem aspecto atraente: [...] nós o reputávamos como um leproso» (Is 53, 2ss. Vulg). [...]

Tu, portanto, se desejas ver Jesus na sua glória, faz primeiro por vê-l'O na Sua humilhação. Começa por fixar os olhos na serpente que se ergueu no deserto (cf. Jo 3, 14), se desejas ver o Rei sentado em Seu trono. Que essa primeira visão te encha de humildade, para que a segunda te reerga da tua humilhação. Que aquela te reprima e te cure o orgulho, antes de esta te encher de desejo e dele te saciar. Vês como o Senhor Se esvaziou a Si mesmo (Fil 2, 7)? Que esta visão não te deixe indiferente, se não não poderás, sem tribulação, contemplá-l'O depois na glória da Sua exaltação.

«Seremos semelhantes a Ele», seguramente, quando O virmos «tal como Ele é» (1 Jo 3, 2); sê-Lhe pois semelhante desde este momento, ao veres em que Se tornou por causa de ti. Se não recusares ser-Lhe semelhante na Sua humilhação, Ele conceder-te-á certamente o reconhecimento da Sua glória. Jamais suportará que aquele que participou da Sua Paixão seja excluído da comunhão na Sua glória. E tão claro é que não Se recusará a admitir conSigo no Reino aquele que partilhou a Sua paixão, que o ladrão, porque O confessou na cruz, com Ele se encontrou no mesmo dia no paraíso (Lc 23, 42). [...] Sim, «pressupondo que com Ele sofremos, [...] com Ele [...] [seremos] glorificados» (Rom 8, 17).


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