quarta-feira, 23 de junho de 2010

O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles


Mateus 7,6.12-14.
«Não deis as coisas santas aos cães nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer que as pisem aos pés e, acometendo-vos, vos despedacem.» «Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas.» «Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!»


Comentário ao Evangelho do dia feito por São Vicente de Paulo (1581-1660), presbítero, fundador de comunidades religiosas Prédica de 30/5/1659 (a partir da trad. de Seuil 1960 p. 682 rev.)

«O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles»

Qual é o primeiro acto do caridade? Que obras produz um coração por ela animado? Que sai de um coração assim, comparando com o de um homem de desprovido de tal virtude? Há que fazer o bem a cada um, como com razoabilidade queríamos que assim nos fosse feito; nisto consiste o sumo da caridade. Faço verdadeiramente ao meu próximo aquilo que desejo que ele me faça? Ah, eis um grande exame a fazer. [...]

Olhemos para o Filho de Deus: que coração de caridade, que chama de amor! Jesus, dizei-nos, por favor, o que Vos tirou do céu para virdes sofrer a maldição da Terra, as muitas perseguições e tormentos que aqui recebestes? Ó Salvador, ó fonte de amor, humilhado que fostes até à nossa condição, até um suplício infame! Quem mais amou o próximo, senão Vós? Viestes expor-Vos a todas estas nossas misérias, tomando a forma de pecador, levar um vida de sofrimento, e sofrer uma morte vergonhosa por nós. Haverá amor igual? [...] Só Nosso Senhor leva assim a tal ponto o Seu amor pelas criaturas, deixando o trono de Seu Pai para encarnar num corpo sujeito às enfermidades.

E por quê? Para estabelecer entre nós, com o Seu exemplo e a Sua palavra, a caridade pelo próximo [...]. Ó meus amigos, se tivéssemos um pouco deste amor, deixar-nos-íamos ficar de braços cruzados? Oh, não! A caridade não é ociosa; ela incita-nos a lutar pela salvação e pela consolação dos outros.

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