segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Deus faz apelo à nossa liberdade

Mateus 23,13-22
Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque fechais aos homens o Reino do Céu! Nem entrais vós nem deixais entrar os que o querem fazer. Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, que devorais as casas das viúvas, com o pretexto de prolongadas orações! Por isso, sereis mais rigorosamente julgados. Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito e, depois de o terdes seguro, fazeis dele um filho do inferno, duas vezes pior do que vós! Ai de vós, guias cegos, que dizeis: 'Se alguém jura pelo santuário, isso não tem importância; mas, se jura pelo ouro do santuário, fica sujeito ao juramento.’ Insensatos e cegos! Que é o que vale mais? O ouro ou o santuário, que tornou o ouro sagrado? Dizeis ainda: 'Se alguém jura pelo altar, isso não tem importância; mas, se jura pela oferta que está sobre o altar, fica sujeito ao juramento.’ Cegos! Qual é o que vale mais? A oferta ou o altar, que torna sagrada a oferta? Portanto, jurar pelo altar é o mesmo que jurar por ele e por tudo o que está sobre ele; jurar pelo santuário é jurar por ele e por aquele que nele habita; jurar pelo Céu é jurar pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado.

Comentário ao Evangelho do dia feito por Santa Catarina de Génova (1447-1510), leiga, mística, O Livre Arbítrio (a partir da trad. Études carmélitaines 1959; cf. Orval)

Deus faz apelo à nossa liberdade

Deus incita o homem a levantar-se do pecado. [...] Quanto mais prontamente o homem reconhecer a sua miséria, mais depressa se humilha e se abandona a Deus, reconhecendo que é a Deus que cabe realizar esta obra de conversão nele. E toma disso consciência pouco a pouco, através das contínuas inspirações que Deus lhe envia; e, ao ver a obra e as vantagens que dela retira, diz para si mesmo: «Parece-me realmente que Deus não tem outras coisas para fazer se não ocupar-se de mim. Como são doces e cheias de amor as obras de Deus em nós!»

Nesta vida, servir a Deus é na verdade reinar. Quando Deus liberta o homem do pecado que o torna escravo, liberta-o de toda a servidão e coloca-o numa verdadeira liberdade. De outro modo, o homem vai sempre de desejo em desejo sem jamais se saciar; quanto mais tem, mais gostaria de ter; procurando satisfazer-se, nunca está contente. De facto, quem tem um desejo está possuído por ele; vendeu-se à coisa que ama; procurando a sua liberdade, seguindo os seus apetites e ofendendo a Deus, fica escravo deles para sempre.


Considera pois a força e o poder do nosso livre arbítrio, que contém em si duas coisas tão opostas e tão contrárias uma à outra: a vida e a morte eternas. O livre arbítrio não pode ser violentado por nenhuma criatura; por isso, enquanto estiver na tua mão, reflecte bem e toma cuidado com o que fazes.

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